O livro em que C.S. Lewis se propõe a ressignificar o amor

“Que nossos afetos não nos matem nem morram”. (Donne)

Este é o abre de Os Quatro Amores, livro do célebre C.S. Lewis, vulgo meu escritor favorito, por aí você já percebe que o assunto é intenso, algo que faz sentido quando falamos de sentimento (mesmo que na verdade o amor não se enquadre nessa categoria).

“O simples fato de amar é uma vulnerabilidade. Ame alguma coisa e seu coração certamente ficará apertado e possivelmente partido.” p.163

Ao longo de suas 187 páginas, Lewis aborda 4 faces do Amor, ou melhor, quatro formas dele ser comunicado ao outro: Afeição, Amizade, Eros e a Caridade. Em cada uma delas, uma ressignificação daquilo que aprendemos desde a mais tenra idade, ou pelo menos eu aprendi.

Como por exemplo, aprendi que o Eros é o amor entre o homem e a mulher, no sentido apaixonado, e é o mais cobiçado entre os amores, mas Lewis não pensa assim, Eros para ele têm mais a ver com humildade, caridade e graça divina, no relacionamento. Ou que a amizade não têm a ver só com estar presente, mas com estar disponível. Lewis colocou minhas ideias abaixo e me fez repensar o amor, de verdade.

Os Quatro Amores é um livro profundo, mas curto e de leitura dinâmica, não é daqueles livros que você não consegue ler mais de um capítulo por dia. Esse está mais para aqueles livros de histórias que te cativam. Nesse caso, a história do homem com o amor.

Amor como forma de aperfeiçoamento do ser humano, como forma de alcançar a Deus, como forma de demonstrar empatia, como única maneira de encontrar a verdadeira felicidade (mais uma vez, de forma diferente de como aprendemos a vida inteira).

“Amizade não é uma recompensa para nosso discernimento e bom gosto em achar um ao outro. É o instrumento pelo qual Deus revela a cada um as virtudes de todos os outros” p.123.

De todos os amores, meu favorito é a amizade, é o melhor capítulo do livro pra mim. Se já era algo que eu valorizava, agora muito mais! Lewis aponta para a amizade como o maior e mais importante amor, o mais difícil de ser cultivado, e o essencialmente mais intuitivo e sem muita explicação lógica de ser. Brilhante, não quero dar spoilers.

“[se sofre] quando se dá o coração a qualquer outra coisa que não seja Deus. Todas as pessoas morrem. Não deixe sua felicidade depender de alguma coisa que você poderá perder. Se o amor é para ser uma benção, e não uma tristeza, ele deve ser dedicado à uma única pessoa Amada que nunca morrerá.” p.162

Me lembrei de um verso muito lindo das escrituras em que, ao abordar sobre o tempo, Salomão diz que “Também pôs Deus no coração do homem o anseio pela eternidade” (Eclesiastes 3:11). Acredito que isso se revela diretamente com o dom de amar, é o anseio do homem por encontrar o eterno. Por isso, faz sentido sua complexidade. se amar é ocupar uma lacuna colocada por Deus em nosso coração, não poderia isso ser menos intenso, grande e especial.

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